sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Texto de Arnaldo Jabor... A Ilustração é capa do livro: Brasileiros Pocotó, de Luciano Pires mas que serve também para ilustrar o texto do Jabor...


- Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.

Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;

Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;

Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade.

Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.

É coisa de gente otária.

- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.

Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.

Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.

Brasileiro tem um sério problema.

Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência.

O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.

O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.

Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários da bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

- Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.

Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.

Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.

O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.

Já foi.

Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da

Guerra do Paraguai ali se instalaram.

Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha alternativa e não concordava com o crime.

Hoje a realidade é diferente.

Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal.

Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.

Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei.

A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.

Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia.

Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.

Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).

Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.

Democracia isso? Pense!

O famoso jeitinho brasileiro.

Em minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.

Brasileiro se acha malandro, muito esperto.

Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.

No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?

Afinal somos penta campeões do mundo né?

Grande coisa...

O Brasil é o país do futuro.

Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos.

Dessa vergonha eles se safaram...

Brasil, o país do futuro!?

Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.

Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.

Para finalizar tiro minha conclusão:

O brasileiro merece!

Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente.

Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta.

Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.

Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Espera.

O que escrevo agora nada tem a ver com tatuagem, nem também tem por objetivo fazer diretamente uma homenagem a Saramago, embora ele tenha sido o escolhido para servir de exemplo a respeito do que muitas vezes esperamos da vida e das pessoas... é só um breve pensamento que me ocorreu enquanto termino de ler mais um livro do Saramago. Muitos devem ter pensado, quando ele morreu, que triste será não termos mais novos livros, novos textos, vindos dele que agora se foi. O que posso dizer tranqüilamente é que apesar de lamentar, fico feliz pelo muito que ele deixou, produziu e que com certeza ficará para sempre circulando em forma de textos, livros, frases provocativas, etc... Acho que triste mesmo é as vezes passar uma vida inteira a espera de algo, de alguém e ver o tempo passar e ver que dali nada brotou, quem sabe nunca brotará. Triste espera.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Zé Gotinha.

Parece coisa de doido mais num belo dia [(que não lembro bem como estava o clima, provavelmente o bom e velho clima típico curitibano (4 estações no mesmo dia)] apareceu aqui uma moça de uns 20 anos mais ou menos e como uma criança eufórica me disse que queria tatuar um Zé Gotinha, isso mesmo, um Zé Gotinha! Ela disse que adorava o carimbo quando era criança e que desta vez queria fazer um que não saísse nunca mais... Sei que no fim das contas demorei mais para montar a máquina, talvez, do que para fazer a tattoo, que no total levou cerca de um minuto e meio mais ou menos, para ficar pronta... O triste de toda essa breve estória é que ela ficou de voltar para eu tirar uma foto da tatuagem e estou esperando tal retorno até hoje. Mas que fique registrado: se vocês virem uma moça bonita com um Zé Gotinha tatuado no pulso, fui eu quem fez!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tatueros...


Tatueros, tatuagista, tatuageros, sei lá como dizer já que qualquer um destes "subjetivos" poderia ser usado para nomear os "caras que fazem tatuagem". Esses "caras" fazem baratinho... Parece até coisa de puta barata... O importante para esses tipos é ter um dinheiro pra tomar uma cerveja no fim de semana, para isso, fazem tatuagens "baratinhas", cobram trocados para fazer uma "tattoo", se é que dá para chamar de tatuagem algumas das coisas que vejo. Mas só existem esses "caras", porque tem quem dê uma chance para os malucos, ou melhor, maluco é quem dá o "couro" para eles. Digo couro porque só um animal dá a pele para esses "caras". É claro que algumas pessoas são vítimas da falta de informação, mas a maioria se fod$ porque quis economizar... Uma tatuagem boa não precisa custar uma fortuna, uma estrelinha não precisa custar R$200,00... Mas também não tem sentido custar R$10,00. Por R$10,00 eu nem ligo a máquininha... Tatuar tem um custo, um bom tatuador tem que investir bastante para conseguir trabalhar oferecendo qualidade e segurança para seus clientes. Eu por exemplo, fiz faculdade (EMBAP- Escola de Música e Belas Artes do Paraná) , já participei de eventos, convenções de tatuagens, fora a troca de informações com os amigos artistas, enfim, gastei, investi em conhecimento para poder oferecer um trabalho de qualidade, não tem como trabalhar por trocados pois eu não estou cobrando apenas pela tinta ou pelas agulhas, mas também pelo que eu sei fazer, e faço muito bem!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Memória

É engraçado como as memórias vêm e vão quando estamos sozinhos a pensar. Num piscar de olhos elas nos levam de volta 20 ou 30 anos no tempo, fazendo com que nos lembremos de coisas boas, ruins, bobas ou simplesmente acontecimentos que por algum motivo ficaram ali, naquele cantinho do baú de nossas memórias. Se concentrando um pouco mais é possível lembrar do cheiro daquele pão caseiro que acabava de sair do forno quando éramos pequenos ou de uma divertida e acirrada partida de dominó. Lembrar-se das pessoas que fizeram parte da nossa vida e "se ligar" de que algumas delas agora só vivem na nossa memória as vezes dói, mas também é quase como reencontrá-las e reviver bons momentos. Uns dias atrás estava tatuando um cliente e comentava com ele como, as vezes, eu acabava matando uns neorônios tentando solucionar alguns problemas que surgiam no dia-a-dia, quando ele educadamente me interrompeu e disse: ao mesmo tempo que talvez você esteja matando alguns neorônios, você também está criando novas conexões neurais. O que isso tem a ver com a memória? Tudo, especialmente o fato de que nunca mais vou esquecer dessa lição que alguém que, talvez, eu nunca mais veja me ensinou e vai ficar para sempre na minha memória.